O artigo “O outro no desenvolvimento humano”, que relata através de uma linguagem clara, conceitos complexos sobre desenvolvimento humano e autocompreensão, é uma boa maneira de entendermos o quanto é essencial o papel do cuidador junto à criança. Reforço de comportamento positivo, carinho, amor, são alguns dos ingredientes para nortear um caminho “certo” no futuro do pequeno ser. Parabéns ao psicólogo Rodrigo pelo artigo, gostei muito e por isso, resolvi publicá-lo no meu espaço.
O outro no desenvolvimento humano
Nossa capacidade de autocompreensão e de compreensão do mundo é obviamente muito limitada quando estamos começando a vida no útero materno e logo após nosso nascimento. Nessa fase do desenvolvimento humano, o tempo ainda é insuficiente para o ser desenvolver sua potencialidade de compreensão dos ambientes interno (o próprio corpo) e externo, da mesma forma que é para o desenvolvimento do controle de mobilidade de nossos membros superiores e inferiores (braços, mãos, pernas e pés). Parece que os seres humanos nascem com menor autonomia e são menos “pré-programados” do que a maioria dos outros animais. No caso dos humanos, quase toda a programação para a sobrevivência e o desenvolvimento é feita depois do nascimento e o aprendizado do bebê é principalmente via observação e imitação de outros humanos. Em outras palavras, o bebê humano apreende a ser humano pelo modelo de humanidade que lhe é apresentado nessa fase da vida. Nesse processo, primeiro o bebê observa para depois procurar fazer igual ao que compreendeu que os humanos fazem, ou seja, fazendo imitação do que compreendeu.
Entretanto, considerando o processo assim
descrito, como o bebê se guia no sentido de um bom aprendizado para se formar
como um ser humano? Como saberia se está cada vez se aproximando ou se
afastando do modelo humano de ser? Uma hipótese de resposta do que baliza o
bebê, para saber se está na direção certa, seria a compreensão (por ele mesmo)
de que está sendo compreendido pelos seres humanos mais próximos (país e
cuidadores). Ser bem compreendido significaria estar indo na direção de ser um
ser semelhante aos outros humanos. Assim, seria o fato de outras pessoas nos
compreenderem um parâmetro fundamental, como placas sinalizadoras de direção
para nosso desenvolvimento no sentido da construção do nosso ser como humano.
A
partir dessa ideia de modelo de desenvolvimento humano na primeira infância, é
natural presumir que, sendo o processo bem sucedido, os adultos humanos continuariam
a usar esse modelo, pelo menos de forma semelhante, para progredir e atingir o
máximo de seu potencial de desenvolvimento. Para tanto, naturalmente, o ser
humano precisaria estar sempre em comunicação interativa com outros humanos e
ainda precisaria que os outros humanos compreendessem o modo que ele próprio
compreende a si mesmo e ao mundo, em cada um dos momentos de sua vida. Dessa
forma, seria a percepção de cada um de que outros humanos conseguem
compreendê-lo o ponto de partida e de segurança que cada indivíduo teria para
avaliar se sua compreensão é razoável para entender tanto a própria realidade
interna quanto externa do ponto de vista de um humano normal.
Essa compreensão
pelo o outro funcionaria como uma bússola para o desenvolvimento do ser como
humano normal e mesmo para alcançar o potencial máximo como individuo.
Uma vez que a função da psicoterapia é
ajudar no autodesenvolvimento e na cura e, considerando que quando o ser humano
está impossibilitado de desenvolver todo o seu potencial a cada momento, ele
estará em sofrimento ou doente, como nos alertou Abraham H. Maslow, um modelo
de psicoterapia eficiente seria aquele que se aproximasse desse processo
natural de desenvolvimento humano como o descrito. Assim, o papel do
psicoterapeuta deveria ser o de procurar entender como é a compreensão do seu
cliente a respeito de si mesmo e do mundo e comunicar de volta como percebe a
compreensão dele. Então, de forma similar ao modelo natural de desenvolvimento
humano, a compreensão do psicoterapeuta, que pode ser chamada de empática, iria
promover, junto ao cliente, autodesenvolvimento e autotratamento curativo. A
psicoterapia, assim, estaria contribuindo para o cliente aprimorar sua
compreensão de si próprio e do mundo que o cerca e seu autoconceito e,
consequentemente, suas condutas. Esse fenômeno ocorreria à medida que o
psicoterapeuta conseguisse indicar ao cliente que o compreende bem no estágio
atual de sua autocompreensão e entende a maneira que ele percebe o mundo. Essa
indicação ajudaria o cliente, como se fosse uma autorização ou uma base de
segurança para partir e retornar, a progredir em relação ao estágio atual e,
assim, com segurança, avançar e ir além, no sentido da cura de sofrimentos e do
desenvolvimento pleno.
Fonte: http://rodrezpsic.blogspot.com/2012/01/o-outro-no-desenvolvimento-humano.html
Foto 1: Blog meubebefeliz.com.br
Foto 2: Blog idelmaria.com
Foto 3: Blog parana-online.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário